10 setembro 2009

The Day BEFORE Tomorrow: My Translations III - Dracula the Un-dead, by Dacre Stoker and Ian Holt


Translator at leisure ;)
Here's my work on the first chapter, available in English by clicking the cover.


PRÓLOGO
Carta de Mina Harker a seu filho,
Quincey Harker, Esquire
(Abrir em caso de morte súbita ou violenta de Wilhelmina Harker)
9 de Março de 1912
Querido Quincey,
Meu querido filho, toda a vida desconfiaste que tem havido segredos entre nós. Receio que tenha chegado o momento de te revelar a verdade. Se continuar a negar, estarei a arriscar a tua vida e a imortalidade da tua alma.
Eu e o teu pai decidimos ocultar-te os segredos do nosso passado para te protegermos das trevas que envolvem este mundo. Esperávamos dar-te uma infância livre dos medos que nos assombraram durante a nossa vida adulta. Cresceste, e tornaste-te no jovem promissor que és hoje, e decidimos não te contar o que sabíamos, pois chamar-nos-ias loucos. Perdoa-nos. Se estiveres a ler esta carta agora, será porque o mal de que tentámos tão desesperadamente, quiçá erradamente, proteger-te voltou. E agora tu, como os teus pais antes de ti, corres grave perigo.
No ano de 1888, quando eu e teu pai ainda éramos novos, ficámos a saber que o mal espreita nas sombras do mundo, à espera de atacar os incrédulos e os incautos.
Enquanto jovem advogado, teu pai foi mandado para os ermos da Transilvânia, com a missão de ajudar o Príncipe Drácula a concluir a compra de uma propriedade em Whitby, a antiga Abadia de Carfax.
Durante a sua estadia na Transilvânia, teu pai descobriu que o seu anfitrião e cliente, o Príncipe Drácula, era na verdade uma criatura que se pensava existir somente na tradição folclórica, daquelas que se alimenta do sangue dos vivos para alcançar a imortalidade. Drácula era aquilo a que os nativos chamavam Nosferatu, o Morto‑Vivo. Poderás reconhecer a criatura pela designação mais comum: vampiro.
O Príncipe Drácula, com receio de que teu pai revelasse a verdade do que ele era, encarcerou-o no seu castelo. Em seguida, o próprio Drácula marcou uma passagem para Inglaterra na embarcação Demeter, e passou os muitos dias da viagem escondido numa das dezenas de caixas guardadas no porão. Escondeu-se assim porque, embora um vampiro possa ter a força de dez homens e a capacidade de assumir diversas formas, será reduzido a cinzas se a luz do Sol o atingir.
Nesta altura eu estava em Whitby, em casa da minha amiga mais chegada e mais querida, Lucy Westenra. Levantara-se uma tempestade no mar e os traiçoeiros rochedos de Whitby ficaram rodeados por denso nevoeiro. Lucy, que não conseguia dormir, viu da janela o navio impelido pela tempestade a caminho dos rochedos. Lucy correu noite fora, na tentativa de dar o alarme antes de o navio naufragar, mas chegou tarde de mais. Eu acordei em pânico, vi que Lucy não estava a meu lado na cama, e corri para a tempestade, em busca dela. Encontrei-a à beira da falésia, inconsciente e com duas pequenas feridas no pescoço.
Lucy ficou mortalmente doente. O seu noivo, Arthur Holmwood, filho de Lorde Godalming, e o seu amigo, um Texano que estava de visita e a quem conheces como teu homónimo, Quincey P. Morris, correram para a sua cabeceira. Arthur chamou todos os médicos de Whitby e mais além, mas nenhum encontrava explicação para a doença de Lucy. Foi o nosso amigo, dono do Manicómio de Whitby, o Dr. Jack Seward, quem chamou da Holanda o seu mentor, Dr. Abraham Van Helsing.
O Dr. Van Helsing, um erudito das ciências médicas, também era conhecedor do oculto, e reconheceu que Lucy sofria pois fora mordida por um vampiro.
Foi então que recebi finalmente notícias de teu pai. Fugira do castelo de Drácula e refugiara-se num mosteiro onde, também ele, estava mortalmente enfermo. Vi-me obrigada a deixar a cabeceira de Lucy e a viajar para junto dele. Foi lá, em Buda-Peste, que nos casámos.
Teu pai contou-me os horrores que presenciara, e foi assim que soubemos a identidade do vampiro que atacara Lucy, e que ameaçava agora as vidas de todos nós: o Príncipe Drácula.
Quando regressámos de Buda-Peste, ficámos a saber que Lucy falecera. Mas o pior estava para vir. Dias depois da sua morte, reerguera-se do túmulo. Era agora vampira, e alimentava-se do sangue de crianças de colo. O Dr. Van Helsing, Quincey Morris, o Dr. Seward e Arthur Holmwood tiveram de tomar uma decisão terrível. Não tiveram outra escolha senão cravar uma estava no coração de Lucy para libertarem a sua pobre alma.
Algum tempo mais tarde, o Príncipe Drácula voltou de noite para me atacar. Depois deste ataque, todos fizemos o juramento de dar caça e destruir o vampiro, e de livrar o mundo deste mal. E foi assim que nos tornámos num grupo de heróis e perseguimos Drácula até ao seu castelo na Transilvânia. Foi lá que Quincey Morris pereceu em combate, embora, como herói que era, conseguisse cravar um punhal no coração de Drácula. Vimos o Príncipe Drácula explodir em chamas e ser reduzido a pó na luz do Sol poente.
Estávamos livres, ou assim pensei. Todavia, cerca de um ano depois de nasceres, comecei a padecer de pesadelos horríveis. Drácula assombrava-me em sonhos. Foi então que teu pai me recordou do aviso do Príncipe Negro, e de como ele vaticinara: «Terei a minha vingança. Tê-la-ei durante séculos. O tempo está comigo».
Desde esse dia que eu e teu pai nunca mais tivemos paz. Passámos os anos a olhar por cima do ombro. E agora receio que já não tenhamos forças para te proteger deste mal.
Acredita no que te digo, meu filho, para poderes sobreviver ao mal que agora te persegue; aceita a verdade que te conto nestas linhas. Procura no mais fundo do teu jovem ser e, tal como eu e teu pai nos vimos outrora obrigados a fazer, encontra o bravo herói dentro de ti. Drácula é um inimigo sábio e astuto. Não podes fugir, e não há refúgio possível. Tens de lhe fazer frente.
Desejo-te boa sorte, meu filho, e que nada temas. Se Van Helsing tiver razão, os vampiros são realmente demónios, e Deus estará contigo quando os combateres.
Amor eterno de tua mãe,
Mina

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