24 julho 2006

Now there's a Book...

I wasn't there as I wished and said on a previous post, at the 9th International Conference on the Short-Story in English, Views from the Edge: the Short-Story Revisited, but now there's a book with the output :) da 101 Noites.

Nomes de escritores consagrados como Hélia Correia, Luísa Costa Gomes, Gonçalo M. Tavares ou Rui Zink, e de estreantes como Diana Almeida, Rute Beirante ou Jorge Vaz de Carvalho, juntam-se a outros autores numa antologia de 15 contos em português e inglês, lançada no dia 27 de Junho, no Instituto Camões (IC) e intitulada Onde a Terra Acaba, Contos Portugueses.

«Trata-se de uma edição que veio prolongar e alargar a vida de pequenas narrativas de escritores portugueses que participaram no 9.º Congresso Internacional da Sociedade para o Estudo do Conto, realizado recentemente na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa», disse Simonetta Luz Afonso, presidente do IC, a entidade que patrocinou a tradução da obra. «Será certamente um excelente instrumento de trabalho para os nossos Leitores espalhados por 200 universidades de todo o mundo e estará disponível em formato digital no Centro Virtual Camões, que tem 15 mil visitantes por dia», concluiu, passando a palavra às organizadoras do congresso e da antologia.

Teresa Alves e Teresa Cid, por seu lado, agradeceram: «o entusiasmo fora do normal com que o IC acolhe os projecto, o apoio constante do Centro de Estudos Anglísticos da Universidade de Lisboa (CEAUL), a disponibilidade dos tradutores, que trabalharam 48 em 24 horas, da editora 101 Noites, que produziu o livro num tempo recorde, e finalmente, dos autores que aceitaram o repto de participar graciosamente nestes projectos de divulgação do conto».

A apresentação do livro ficou por conta de João Almeida Flor, Director do CEAUL, que o considerou «um conjunto de textos de temáticas e estilos de várias gerações que documentam aspectos centrais da crise do país na transição do milénio». Portugal aparece aqui, acrescentou Almeida Flor, «como um lugar dilacerado, em que a identidade linguística e o espaço geográfico desaparecem como capital simbólico». A multissecular viagem é agora de «conhecimento identitário», também por outras cidades e patrimónios. As personagens que aqui convergem são «seres minoritários que fogem dos padrões» e vêem na aventura a forma de «ultrapassagem dos acanhados horizontes que o país parece oferecer».

Nestas narrativas de «elevadíssimo mérito artístico», que são também um «laboratório de escrita» procura-se, na opinião deste anglicista, «um sentido abrangente para as contradições e limitações da vida quotidiana e a denúncia do formalismo convencional da classe média cumpridora de ritos caducos.»

Optimista relativamente ao potencial de distribuição da antologia no estrangeiro, que a 101 Noites negociará com congéneres internacionais, Teresa Cid lembrou a importância da obra em território nacional. «Apesar da falta de tempo para ler, os portugueses continuam a comprar mais romances, talvez por sentirem que uma obra maior é um investimento mais seguro».

Rui Zink concorda. «Os portugueses têm um problema com o tamanho», assegura o escritor que orientou vários workshops de escrita de contos e que, entre 1984 e 2006, publicou cinco livros em torno deste género «ainda bastante invisível em Portugal» e que, na presente colectânea, assina a narrativa intitulada Amanhã Chegam as Águas – «um retrato da Comunidade Europeia como algo de asfixiante, que anda em torno de duas memórias traumáticas (o Tsunami de 1755 e Auschwitz em 1939).»


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