Histórias de vampiros com a particularidade de serem contadas por autores portugueses, é a proposta de Contos de Vampiros, livro coordenado por Pedro Sena-Lino e editado pela Porto Editora. Miguel Esteves Cardoso, José Eduardo Agualusa, Hélia Correia e Rui Zink, entre outros, aceitaram o desafio. «Nove terríveis contos de vampiros, originais e assinados por autores portugueses contemporâneos directamente para os seus maiores receios de leitores. A partir do momento em que iniciar a leitura, a responsabilidade é inteiramente sua», lê-se na contracapa. A NS’ correu o risco e conversou com Rui Zink, autor do conto «O Monstro».
O que nos conta?
É a história de um homem que, num trivial mas doloroso processo de divórcio, passa a odiar as mulheres e descobre que a sua é um vampiro.
A moda dos vampiros voltou?
Os vampiros são mortos-vivos, não é? Pode parecer que se foram embora, mas acabam sempre andando por aí, quais Santana Lopes.
Como se explica tantas formas de arte a tratar histórias de vampiros nesta altura?
Desde o 11 de Setembro que nos sentimos todos um pouco mortos-vivos. E anda a faltar-nos ternura, parece que nada dura. Os vampiros respondem bem aos problemas do nosso tempo: crise de valores, de amores, de ardores.
Se pudesse realizar um filme de vampiros, o que contaria?
A história do meu conto «O Monstro», ora essa. Orçamento maneirinho, sem caninos aguçados.
Mais vampiros em Sintra
Também a TVI está a gravar uma história de vampiros em Sintra. A mini-série tem seis episódios e dá pelo nome de Destino Imortal. Produzida pela Plural, acrescenta à trama dois novos tipos de monstro: o «dampiro», misto de humano e vampiro; e uma vampira que, devido a uma mutação genética, vive de dia e suporta o sol. Os dois apaixonam-se e o resto já se calcula... A luta entre o bem e o mal liga-se ao romance protagonizado por Pedro Barroso e Catarina Wallenstein. Aos jovens actores juntam-se Rogério Samora, Maria João Luís, Jorge Corrula, Evelina Pereira, Rodrigo Saraiva e Filipe Crawford, entre outros.
Virgílio Castelo
«Estamos a assistir a um revivalismo das histórias de vampiros»
A serra de Sintra está mais mística do que é costume desde o início de Novembro. Ouvem-se histórias de vampiros na zona. A culpa é da SP Televisão, a produtora responsável pela série Lua Vermelha. A estreia da nova aposta juvenil da SIC é esperada no início de 2010, mas tudo está ainda envolto em mistério, confessa Virgílio Castelo, consultor de ficção do canal. Afinal, trata-se de vampiros: é normal que haja enigmas por desvendar.O que vai ser Lua Vermelha?
É essencialmente uma série juvenil que fala dos amores e desamores dos adolescentes e jovens adultos. Do início da sua vida afectiva mais complicada, ou seja, os primeiros amores. Passa-se num colégio de excelência, em Sintra. Por ser em Sintra, está desde logo inserida numa zona envolta em muitos mistérios, e aproveitámos isso para criar aqui uma dimensão não-humana, em que o fenómeno dos vampiros vai interagir com o colégio. Vamos assistir à possibilidade/impossibilidade de os humanos conviverem com os vampiros e vice-versa. Há desde humanos que recusam qualquer contacto com vampiros, vampiros que recusam qualquer contacto com humanos e humanos e vampiros que acham que é possível o convívio entre eles. Isto com histórias de amor, histórias familiares, de desejos de futuro, de tentativa de definição nestas idades. Nesse sentido, o fenómeno dos vampiros pode potenciar todas as angústias e maravilhas que se vivem nessas idades, entre os 16 e 18 anos.
O que conta esta história de amor entre os actores Mafalda Luís de Castro e Rui Porto Nunes?
É um amor entre um vampiro com características especiais e uma humana com características especiais também. É no fundo aquele tema do amor impossível, mas que aqui não é evidente. Não é só um vampiro e uma humana. É mais qualquer coisa que depois se verá.
É uma série para competir com Morangos com Açúcar, da TVI?
Isso acabará por acontecer naturalmente. Porque se uma estação tem uma série juvenil naturalmente que em comparação com outra estação, que já tem uma novela juvenil, haverá com certeza pontos de concorrência.
Nesta série existem pontos de contacto com as histórias de Stephenie Meyer, Crepúsculo ou Lua Nova?
Eu não vi. E não posso dizer que haja pontos de contacto com o filme ou que não haja. Parece que de repente o fenómeno dos vampiros começou em 2009 ou 2008, o que não é verdade…
Pode falar-se numa nova vaga então?
Eu acho que é mais isso. Estamos a assistir a um revivalismo de coisas que já aconteceram. Houve uma vaga tremenda de filmes nos anos de 1930, outra nos anos sessenta e provavelmente está a acontecer outra. Haverá razões para isso, mas o fenómeno dos vampiros existe a partir de Bram Stoker. Não existe a partir de Twilight. Quem o criou terá ido à fonte. Os criadores da nossa série ter-se-ão também inspirado em tudo o que existe na actualidade e tudo o que está para trás.
É fã das histórias de vampiros?
Confesso que não acho muita graça. Mas isso é dissociado do meu trabalho. Eu tenho pouca paciência para lidar com fantasias que não sejam utopias. Com as utopias lido bem. Coisas que não existem ainda mas que se nos esforçarmos podem acontecer. Coisas que não existem e sabemos que não podem existir, não tenho muita paciência.
Porquê o nome Lua Vermelha?
De algum modo remete para tudo o que tem que ver com o universo dos vampiros: o universo nocturno, de sangue. Por isso, a ideia dos autores para criar este nome é muito feliz, no sentido em que com duas palavras muito simples dizem tudo. Acho que a frase que serve de leitmotiv à serie – «Deixa-te morder» – completa a ideia de Lua Vermelha. Foi um trabalho inspirado da SP.
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