31 julho 2009

Traduções de referência com assinatura de escritores

Alguns dos mais importantes escritores portugueses deixaram o seu nome associado a traduções que ainda hoje são consideradas de referência, dificilmente ultrapassáveis no rigor e na qualidade literária.

Dois exemplos, entre outros, são os de Jorge de Sena, com a tradução de «Palmeiras bravas», de um dos mais complexos prosadores do século XX, o norte-americano William Faulkner, e Ruy Belo, com «Moravagine», a obra magna de Blaise Cendrars, escritor francês de origem suíça.

Nem sempre as traduções foram no passado, ou são hoje, feitas a partir do texto original. Aconteceu assim, e em alguns casos acontece ainda, com as literaturas em línguas eslavas e as do norte da Europa - sueca, dinamarquesa, finlandesa, norueguesa -, que tinham, e têm, de passar primeiro pelo «crivo» do francês ou do inglês, só então sendo vertidas para português.

Não sendo ainda a ideal, a situação - neste particular do respeito pela versão original - registou progressos nos últimos anos e há hoje um quadro de tradutores - profissionais, muitos deles - à altura da tarefa.

Entre os escritores, nem todos levaram a cabo com rigor e mérito indiscutíveis o seu trabalho de tradutores. A alguns deles, excelentes criadores em terreno próprio, muitas vezes se criticou também a demasiada personalização do texto traduzido.

Dois exemplos habitualmente apontados quando se fala de personalização excessiva da tradução são os de Eça de Queirós, com «As minas do rei Salomão», de Rider Haggard, e Aquilino Ribeiro com «Dom Quixote», de Cervantes.

A lista a seguir - longe de exaustiva - mostra terem tido assinatura de escritores, e entre eles alguns dos maiores da língua portuguesa, muitos dos textos de primeira grandeza da Literatura mundial:

- António Sérgio: O demónio branco (Tolstoi).

- Jorge de Sena: Palmeiras Bravas (William Faulkner), Ter e não ter (Ernest Hemingway), Porgy e Bess (DuBose Heyward), A condição humana (André Malraux), O velho e o mar (Ernest Hemingway).

- Adolfo Casais Monteiro: A estrada do tabaco (Erskine Caldwell).

- Irene Lisboa: O vestido vermelho (Stig Dagerman).

- João Palma-Ferreira: Henderson, o rei da chuva (Saul Bellow).

- Alexandre Pinheiro Torres : Um gato à chuva (Ernest Hemingway), Os cavalos também se abatem (Horace McCoy).

- Ruy Belo: Moravagine (Blaise Cendrars), A cidadela (Antoine de Saint-Exupéry).

- António Quadros: O Estrangeiro (Albert Camus).

- Domingos Monteiro: As confissões de Felix Krull (Thomas Mann).

- Fernando Assis Pacheco: Antologia breve (Pablo Neruda).

- Alexandre Cabral: Velha França (Roger Martin du Gard).

- Ernesto Leal: O solar (William Faulkner).

- José Blanc de Portugal: Hamlet (Shakespeare), Ao começo do dia (Truman Capote).

- Alexandre O´Neill: A pele (Curzio Malaparte).

- Cabral do Nascimento: Reflexos nuns olhos de oiro (Carson McCullers).

- António Quadros: O estrangeiro (Albert Camus).

- Mário Henrique Leiria: O imenso adeus (Raymond Chandler), Focus (Arthur Miller).

- João Gaspar Simões: Calafrio (Henry James), Discurso da peste de Londres (Daniel Defoe).

- José Cardoso Pires: Morte dum caixeiro-viajante, Arthur Miller.

- Raul de Carvalho: Calígula seguido de O equívoco (Albert Camus).

- José Carlos González: Paraíso (Lezama Lima).

- Luiza Neto Jorge: Morte a crédito (Louis Ferdinand Céline), O papalagui.

- Egito Gonçalves: Michael Koolhaas, o rebelde (Heinrich von Kleist), Inês vai morrer (Renata Vigano).

- Augusto Abelaira: Doutor Jivago (Boris Pasternak).

- Sophia de Mello Breyner Andresen: A anunciação a Maria (Paul Claudel), Hamlet (Shakespeare).

- Mário Cesariny: O vento (Claude Simon).

- Fiama Hasse Pais Brandão: A feira (John Updike).

- Alfredo Margarido: Na minha morte (William Faulkner), A praia (Cesare Pavese).

- Armando Silva Carvalho: E os cães deixaram de ladrar (Aimé Césaire), Sob um falso nome (Cristina Campo).

- Norberto Ávila : Incidente em Vichy (Arthur Miller).

- Helder Macedo: Paralelo 42 (John dos Passos), Cabra cega (Roger Vailland).

- António Ramos Rosa: Os negócios do senhor Júlio César (Bertolt Brecht), A obra ao negro (Marguerite Yourcenar).

- José Saramago: Os românticos (Nazim Hikmet), Contos polacos (vários autores).

- Artur Portela: De chapéu na mão (Hervé Bazin).

- Luísa Ducla Soares: Herzog, um herói do nosso tempo (Saul Bellow)

- Pedro Tamen: O recurso do método (Alejo Carpentier), Em busca do tempo perdido (Marcel Proust).

- José Bento: Dom Quixote (Cervantes), A última costa (Francisco Brines).

- Miguel Serras Pereira: Dom Quixote (Cervantes), Os jardins da memória (Orhan Pamuk).

- José Agostinho Baptista: Cálamo (Walt Whitman).

- Liberto Cruz: Folhas de viagem (Blaise Cendrars).

- Vasco Graça Moura: Divina Comédia (Dante Alighieri).

- Luísa Costa Gomes: Rei Ubu, de Alfred Jarry.



O Médico e o Monstro, pelo Prof. Agostinho da Silva,
Rei Lear, por Álvaro Cunhal,
acrescento eu ;)

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