13 outubro 2003
Quase todos os caminhos da criação teatral contemporânea vão dar a Moscovo e necessariamente se cruzam com Piotr Fomenko, um dos mais aclamados encenadores da actualidade. Ganha renome internacional, depois de uma brilhante carreira no seu país, com a apresentação, em dois anos consecutivos, quer no Festival de Outono de Paris, quer no de Madrid. Os vários quadrantes da crítica outorgam-lhe os mais rasgados elogios. Lisboa vai assistir a uma tão longa, quanto arrebatadora encenação da obra-prima universal de L. Tolstoï, Guerra e Paz. Na nossa época a coesão mundial é dilacerada por dois flagelos: a violência e a guerra.
A reflexão sobre o tema e sobre o pesadelo napoleónico, a partir também do equilíbrio do terror vivido pelo encenador, através do grande romance russo, desencadeia em cada um de nós, com grande intensidade psicológica, a perturbação e o desconforto perante um ritual absurdo de crueldade e destruição. Combatendo o desencanto e o individualismo, tendo Stanislavsky por perto, contesta-nos e desafia-nos na e para re-reinstalação de novos modelos de sociedade insofismavelmente de índole mais tolerante. O palco torna-se o mundo.
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