26 março 2020

Dia do Livro Português

Hoje, dia 26 de março, celebra-se o Dia do Livro Português, uma iniciativa da Sociedade Portuguesa de Autores (SPA), com o intuito de destacar a importância do livro e da língua portuguesa em todo o mundo.
Porquê o dia 26 de março?
Porque foi precisamente neste dia, 26 de março, que se imprimiu o primeiro livro em Portugal, o Pentateuco (em hebraico), corria o ano de 1487. O Pentateuco, do grego «cinco rolos», é composto pelos cinco primeiros livros da Bíblia: Génesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronómio.

21 março 2020

Dia Mundial da Poesia, da Árvore e da Floresta

Poema
Deixo que venha
se aproxime ao de leve
pé ante pé até ao meu ouvido

Enquanto no peito o coração
estremece
e se apressa no sangue enfebrecido

Primeiro a floresta e em seguida
o bosque
mais bruma do que neve no tecido

Do poema que cresce e o papel absorve
verso a verso primeiro
em cada desabrigo

Toca então a torpeza e agacha-se
sagaz
um lobo faminto e recolhido

Ele trepa de manso e logo tão voraz
que da luz é a noz
e depois o ruído

Toma ágil o caminho
e em seguida o atalho
corre em alcateia ou fugindo sozinho

Na calada da noite desloca-se e traz
consigo o luar
com vestido de arminho

Sinto-o quando chega no arrepio
da pele, na vertigem selada
do pulso recolhido

À medida que escrevo
e o entorno no sonho
o dispo sem pressa e o deito comigo


Maria Teresa Horta



Quando é que passará esta noite interna, o universo,
E eu, a minha alma, terei o meu dia?
Quando é que despertarei de estar acordado?
Não sei. O sol brilha alto,
Impossível de fitar.
As estrelas pestanejam frio,
Impossíveis de contar.
O coração pulsa alheio,
Impossível de escutar.
Quando é que passará este drama sem teatro,
Ou este teatro sem drama,
E recolherei a casa?
Onde? Como? Quando?
Gato que me fitas com olhos de vida, que tens lá no fundo?
É esse! É esse!
Esse mandará como Josué parar o sol e eu acordarei;
E então será dia.
Sorri, dormindo, minha alma!
Sorri, minha alma, será dia!

Álvaro de Campos


World Poetry Day

KINDNESS
Before you know what kindness really is
you must lose things,
feel the future dissolve in a moment
like salt in a weakened broth.
What you held in your hand,
what you counted and carefully saved,
all this must go so you know
how desolate the landscape can be
between the regions of kindness.
How you ride and ride
thinking the bus will never stop,
the passengers eating maize and chicken
will stare out the window forever.
Before you learn the tender gravity of kindness,
you must travel where the Indian in a white poncho
lies dead by the side of the road.
You must see how this could be you,
how he too was someone
who journeyed through the night with plans
and the simple breath that kept him alive.
Before you know kindness as the deepest thing inside,
you must know sorrow as the other deepest thing.
You must wake up with sorrow.
You must speak to it till your voice
catches the thread of all sorrows
and you see the size of the cloth.
Then it is only kindness that makes sense anymore,
only kindness that ties your shoes
and sends you out into the day to mail letters and purchase bread,
only kindness that raises its head
from the crowd of the world to say
It is I you have been looking for,
and then goes with you everywhere
like a shadow or a friend.
Naomi Shihab Nye