Raios. Nádia bateu com a cabeça na porta quando se tentava afastar. Quando espreitara pelo intervalo de dez centímetros entre a porta e o chão, dera consigo a olhar para as pernas esqueléticas com meias cor de creme de Andrea.
Andrea, que tinha olhado para o espelho, vira dois olhos escuros a espreitarem debaixo da porta atrás dela, tornou a guinchar, girou nos calcanhares, e deixou cair a bolsinha das pinturas no lavatório.
— O que raio se passa aqui? Não posso! Levanta-te — gritou Andrea — levanta-te e sai daí! Mas que raio de brincadeira vem a ser esta?
Nádia chegou a pensar em fazer o que Ewan McGregor fizera no filme Trainspotting, mergulhar de cabeça na sanita.
Melhor não. Toda torta, lá conseguiu pôr-se de pé.
***
— Dormiste com ele?
— Quem? — Nádia estava contente por ter o Sol a bater-lhe nos olhos, e pestanejou com força.
Laurie fez tss-tss.
— O Ewan McGregor. Tu sabes de quem estou a falar.
— Ah, não dormi.
— Vês? Erro crasso. Devias ter dormido.
— Talvez, mas em contrapartida dormi contigo.
— Moulin Rouge? Não entra o Ewan McGregor?
— De certezinha. Espero que mostre o rabo.
— Convenceste-me. Vamos embora. E não te esqueças —
(...)
— Não, tu ficas aqui a ver o filme. Eu só... só preciso de apanhar ar.
— Tens a certeza?
— Absoluta. Não me demoro. Volto a tempo de ver o rabo do Ewan. — Mesmo que eu quase sentisse o olhar aflito que Stevie Rae me cravava nas costas (e ouvisse as Gémeas discutirem com Damien se iam ou não ver o rabo do Ewan), saí a correr do dormitório para aquela noite fresca de Novembro.
Enfim... **
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