Inédito até 2001, ano em que foi editada em Barcelona a sua tradução castelhana, este Diário Português foi escrito entre 21 de Abril de 1941 (com o propósito inicial de Eliade se reencontrar após meses sem escrever) e 5 de Setembro de 1945 (dia do último «banho em Cascais»), período em que desempenhou as funções de adido de imprensa, primeiro, e adido cultural, depois, da embaixada da Roménia. É um texto em que o autor se mostra diversas vezes crítico, embora não hostil, em relação a Portugal, país que considera periférico, um pouco à margem da história e da cultura. É também um valioso registo da trajectória de um dos grandes intelectuais do século XX, que passou maioritariamente em Portugal os anos da Segunda Grande Guerra.
Um Excerto:
2 de Outubro de 1943
No carro com os Grigore e os Costas para Alcobaça, Óbidos, Batalha, Coimbra.
Apontamentos - para o meu eventual livro de recordações e comentários portugueses - no caderno preto.
Óbidos, pela primeira vez. A mais impressionante vila medieval que vi na Ibéria. Os plátanos no alto do Castelo. Tomámos chá no Baú. O pôr-do-sol na Batalha. Os meus sonhos no Claustro.
À tarde entrámos em Coimbra. Passeios pela cidade. Preparam-se para a camufl agem de domingo. O passeio dos namorados, com os versos talha dos em pedra - à luz pálida das lâmpadas.
3 de Outubro de 1943
De manhã, de volta à Universidade. E à Catedral. Pelo Luso. Almoçámos no Buçaco. À tarde, na Quinta das Lágrimas. Desta vez, parece mais bonita. Mas, não sei porquê, Portugal parece-me cada vez mais triste. Prestes a morrer. É um passado sem glória.
Estudo Introdutório e Notas de Sorin Alexandrescu
Edição subsidiada pelo Instituto Cultural Romeno, Bucareste
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