Para o blogue O Jardim Assombrado, de Carla Maia de Almeida:
– Como é
que isto aconteceu? Não é uma maravilha? Sinto-me como se tivesse
acabado de nascer! Já não estou sozinho! Tens noção do que isso
significa para mim?
– Mas tu és bom no básquete e coisas – protestou Meg. – És bom nas aulas. Toda a gente gosta de ti.
– Por todos os motivos mais irrelevantes – disse Calvin. –
Ainda não conheci ninguém, ninguém no mundo com que eu possa conversar.
Claro, sei portar-me ao mesmo nível que toda a gente, sei diminuir-me,
mas esse não sou eu.
Meg tirou um molho de garfos da gaveta e virou-os uma e outra vez, a contemplá-los.
– Estou toda confusa outra vez.
– Oh, também eu – disse Calvin alegremente. – Mas agora, pelo menos, sei que vamos para algum lado.
Um Atalho no Tempo, de Madeleine L'Engle, Oficina do Livro, 2013.
[Poucos
devem ter dado pela edição em português deste clássico contemporâneo da
literatura juvenil, numa colecção em que o ponto fraco são sempre as
capas, demasiado banais e infantis. Publicado em 1962, nos EUA,
arrebatou vários prémios literários, entre os quais o prestigiado
Newbery, atribuído pela Associação das Bibliotecas Americanas. Madeleine
L'Engle escreveu um romance de ficção científica - tanto quanto se pode
dizer que Ursula K. Le Guin escreve livros de ficção científica -
protagonizado por três miúdos inadaptados que investigam o
desaparecimento misterioso de um cientista numa missão secreta do
governo. À época, os conceitos extraídos da física quântica foram
considerados estranhos, bem como a linguagem não-infantilizada e a
relevância dada à personagem feminina. Rejeitado dezenas de vezes, tal
como Harry Potter, o livro acabou por provar o seu valor. E não envelheceu.]
Tradução minha :D
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