Tradução de João Quina Edições
Revisão de Pedro Ernesto Ferreira
Lisboa: Temas & Debates, 2010, 446 pp.
Os dinca (povo do sul do Sudão) apreciam como especialistas os padrões e cores das manchas do seu gado. A cerimónia japonesa do chá é vista como uma arte performativa. Algumas culturas produzem escultura, mas não desenho; outras, especializam-se na poesia. Contudo, apesar da rica diversidade de expressão artística que se encontra em diferentes culturas, todos partilhamos um sentido profundo de prazer estético. A necessidade de criar uma forma qualquer de arte encontra-se em todas as sociedades humanas.
Neste livro (cujo título original é O Instinto da Arte), Dutton explora a ideia de que esta necessidade tem uma base evolutiva: os sentimentos que todos partilhamos quando vemos uma paisagem magnífica ou um pôr-do-Sol belo evoluíram como adaptações úteis nos nossos antecessores caçadores-recolectores, tendo-nos sido transmitidas e manifestando-se hoje nas nossas naturezas artísticas. Por que razão as pessoas exibem as suas aptidões artísticas? Como podemos compreender o génio artístico? Por que valorizamos a arte, e para que serve ela? Estas perguntas têm sido feitas desde há muito pelos estudiosos das humanidades e da literatura, mas este é o primeiro livro a ter em consideração as bases biológicas desta profunda necessidade humana. Este livro cintilante e inteligente analisa estas questões profundas e fundamentais, combinando a ciência da psicologia evolucionista com a estética, para esclarecer de uma maneira inovadora questões perenes sobre a natureza da arte.
Dutton defende que o gosto que os seres humanos têm pelas artes é uma característica evolutiva, determinada pela selecção natural. Ao contrário do que tem vindo a ser proclamado pela teoria e pela crítica de arte do último século, não é uma "construção social", determinada pelo contexto cultural. O nosso amor pela beleza é inato e os mesmos gostos artísticos estão presentes na generalidade das culturas. Dutton defende que devemos fundamentar a crítica da arte no conhecimento da evolução humana, e não numa "teoria" abstracta. Espirituosa, culta e profundamente humana, a sua abordagem apresenta-nos uma novíssima forma de interpretar a criação artística.
Será que existe uma predisposição genética nos seres humanos para apreciar uma escultura polinésia ou um romance de Jane Austen, uma canção de Sinatra ou um quadro de Seurat? Dutton propõe um encontro entre a arte e a ciência evolucionista, num livro ousado que irá transformar a nossa visão das artes e das letras.
Introdução
- Paisagem e Desejo
- Arte e Natureza Humana
- O Que É a Arte?
- "Mas Eles não Têm o Nosso Conceito de Arte"
- A Arte e Selecção Natural
- Os Usos da Ficção
- A Arte e Autodomesticação Humana
- Intenção, Falsificação, Dada: Três Problemas Estéticos
- A Contingência dos Valores Estéticos
- Grandiosidade nas Artes
Notas
Bibliografias
Bibliografias
Image courtesy of Otago Daily Times
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