Quando foi lançada em Março de 1610, "Sidereus Nuncius" mudou a forma de vermos o mundo. Agora, 400 anos depois da sua publicação, "Sidereus Nuncius. O Mensageiro das Estrelas", com tradução e anotações de Henrique Leitão, é a primeira obra de Galileu Galilei a ser traduzida integralmente em Portugal. O lançamento terá lugar no dia 17 de Março às 18 horas, na Fundação Gulbenkian, por ocasião da sessão de encerramento do Ano Internacional da Astronomia.
"É um livro único na história da ciência e uma das obras mais importantes em toda a história do pensamento ocidental. Nunca na história da ciência uma obra provocou tanta comoção e deu origem a debates tão acesos como este", avança o investigador e tradutor, Henrique Leitão.
"O título, 'Mensageiro das Estrelas' (ou 'Mensagem das Estrelas', porque o latim permite as duas formas) tem o sentido de "Gazeta das Estrelas" ou "Mercúrio das Estrelas", isto é, tem uma clara conotação jornalística: relatar, em tom vivo e rápido acontecimentos e observações sensacionais", explica Henrique Leitão. Segundo o investigador do Centro de História das Ciências da Universidade de Lisboa, Galileu refere-se muitas vezes ao livro como um 'Aviso Astronómico', exactamente com o mesmo sentido. "Ou seja, Galileu escreveu para causar sensação", reconhece.
Para o comissário para o Ano Internacional em Portugal, João Fernandes, "O Mensageiro das Estrelas" é "um marco na astronomia e na ciência". No livro, Galileu revela e discute as primeiras observações astronómicas alguma vez feitas com o auxílio de um telescópio. Entre a Lua, as estrelas e as luas de Júpiter, "O Mensageiro das Estrelas" é "um verdadeiro livro exemplo da Ciência Moderna", sublinha João Fernandes.
Por esse motivo, o Ano Internacional da Astronomia em Portugal escolheu despedir-se na Gulbenkian, a 17 de Março, com o lançamento do livro de Galileu Galilei. Mas não só. Para o mesmo dia está ainda prevista, entre outras iniciativas, a abertura da exposição "A Astronomia no Portugal de Hoje".
E a quem se dirige este "Mensageiro das Estrelas", publicado pela Fundação Gulbenkian? "É dirigido para um público geral, mas instruído. Isto é, dirige-se exactamente ao mesmo tipo de pessoas a que Galileu tentou chegar quando publicou o seu livro em 1610", refere Henrique Leitão.
Com nota de abertura do investigador belga Sven Dupré, um dos maiores especialistas mundiais no telescópio de Galileu, o livro integra um estudo e a tradução de Henrique Leitão, uma cronologia e ainda um facsimile integral da edição original do "Sidereus Nuncius", de 1610.
"É a primeira vez que se traduz esta obra em Portugal. Mas há uma tradução portuguesa feita há anos no Brasil. Aliás, é a primeira vez que se traduz integralmente uma obra de Galileu no nosso país. Antes desta só se haviam traduzido excertos de algumas obras", nota Henrique Leitão.
Investigador e professor na Universidade de Lisboa, Henrique Leitão é coordenador da comissão científica responsável pela publicação das "Obras de Pedro Nunes", pela Academia das Ciências de Lisboa e pela Fundação Calouste Gulbenkian. Colabora regularmente com a Biblioteca Nacional de Portugal, onde já comissariou quatro exposições e onde dirige o projecto de catalogação dos manuscritos científico. Henrique Leitão é membro de várias sociedades científicas portuguesas e estrangeiras, entre as quais a Academia das Ciências de Lisboa, a Academia de Marinha, a Académie Internationale d'Histoire des Sciences, a European Society for the History of Science (membro do «Scientific Board») e a History of Science Society.
O Ano Internacional de Astronomia (www.astronomia2009.org) é organizado em Portugal pela Sociedade Portuguesa de Astronomia, com o apoio da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), da Fundação Calouste Gulbenkian, do Museu da Ciência da Universidade de Coimbra, da Agência Ciência Viva e da European Astronomical Society (EAS).
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