O Moleskine do director de fotografia Christophe Beaucarne poderia desvendar o mistério em torno do argumento do filme The Inner Life of Martin Frost, que Paul Auster tem estado a rodar em Portugal. Estão lá registados todos os ângulos em que foram filmados os 121 planos que compõem esta longa metragem. O escritor recusa-se a revelar o que acrescentou às 21 páginas que estão na origem do argumento - que surgiu pela primeira vez no 7.º capítulo do seu romance O Livro das Ilusões (2002). Mas neste "road book" o belga tem tudo anotado, tal como fez nas muitas dezenas de filmes já fotografados na sua carreira.
Desviam-se os olhos para não adivinhar o que está registado nas polaroids iguais a muitos frames de película 35 mm, que a cada oito minutos de gravação é substituída por novo filme virgem, e pronta a registar uma média de cinco takes por plano que o realizador Paul Auster exige fazer.
Paul Auster está fechado há cinco semanas numa casa nas Azenhas do Mar (Sintra), onde tem estado a realizar o filme, do qual pretende fazer a première mundial em Fevereiro de 2007 no Festival de Berlim. O escritor garante que não gosta de festivais de cinema e pretende evitar o francês Cannes ou o norte-americano Sundance mas Berlim atrai-o porque a cidade alemã "é fria em Fevereiro, com nevoeiro, sem a confusão própria deste tipo de eventos". E acrescenta que Berlim faz lembrar a sua cidade, Nova Iorque, o que leva a perguntar-lhe como é que adapta uma história que se passava no árido estado do Novo México para a frondosa Sintra e arredores. Auster descarta imediatamente qualquer semelhança entre o que está escrito em O Livro das Ilusões e o filme que nasceu e cresceu ali nas Azenhas do Mar e considera que "são coisas diferentes". Realmente, a paisagem onde o filme está a ser rodado é completamente diversa da que caracterizava o filme do realizador Hector Mann que, no romance, acabava por ser destruído pelo fogo após a sua morte e em seguida a um visionamento apressado pelo protagonista, que Auster relata no livro.
O argumento de Martin Frost não é uma adaptação d' O Livro das Ilusões, pelo contrário é uma nova história que, surgindo retirada do original e transformada em 94 novas páginas, é interpretada pela "musa" Irène Jacob, pelo Martin Griffin Dunne Frost, por um Michael Imperioli que só por si justifica a existência de um estudado guarda-roupa devido à desmultiplicação visual com que aparece ao longo do filme e ainda Sophie Auster, a personagem que completa este quarteto de actores.
O ambiente que se viveu na "Casa" dividia-se entre a concentração dos actores e da equipa para que tudo corresse bem na concretização das filmagens dos últimos planos interiores - uma cena passada na sala entre Dunne, Sophie e Jacob - e o último registo exterior - um longo travelling de dois minutos com Jacob a encaminhar um Dunne de olhos vendados num passeio pelo jardim e o desalento, ao fim da tarde, após o último take. Nesse momento, a tristeza abateu-se sobre a equipa que se apercebeu, com as palavras de Auster "Acabámos com a 'Casa'. Terça vemo-nos no estúdio. Obrigado a todos", que a rodagem acabara mesmo! Jacob comentava "C'est triste!" e o assistente de direcção José Maria Vaz da Silva sentava-se no banco, onde Claire e Martin interpretaram a última cena minutos antes, a olhar para o vazio. Para trás ficavam cinco semanas de trabalho que surpreenderam Auster pelo profissionalismo da equipa portuguesa do produtor Paulo Branco. Auster regressa aos EUA domingo para montar o filme, após a última filmagem em estúdio e a festa de despedida com a banda de Michael Imperioli, no Maxim's
Desviam-se os olhos para não adivinhar o que está registado nas polaroids iguais a muitos frames de película 35 mm, que a cada oito minutos de gravação é substituída por novo filme virgem, e pronta a registar uma média de cinco takes por plano que o realizador Paul Auster exige fazer.
Paul Auster está fechado há cinco semanas numa casa nas Azenhas do Mar (Sintra), onde tem estado a realizar o filme, do qual pretende fazer a première mundial em Fevereiro de 2007 no Festival de Berlim. O escritor garante que não gosta de festivais de cinema e pretende evitar o francês Cannes ou o norte-americano Sundance mas Berlim atrai-o porque a cidade alemã "é fria em Fevereiro, com nevoeiro, sem a confusão própria deste tipo de eventos". E acrescenta que Berlim faz lembrar a sua cidade, Nova Iorque, o que leva a perguntar-lhe como é que adapta uma história que se passava no árido estado do Novo México para a frondosa Sintra e arredores. Auster descarta imediatamente qualquer semelhança entre o que está escrito em O Livro das Ilusões e o filme que nasceu e cresceu ali nas Azenhas do Mar e considera que "são coisas diferentes". Realmente, a paisagem onde o filme está a ser rodado é completamente diversa da que caracterizava o filme do realizador Hector Mann que, no romance, acabava por ser destruído pelo fogo após a sua morte e em seguida a um visionamento apressado pelo protagonista, que Auster relata no livro.
O argumento de Martin Frost não é uma adaptação d' O Livro das Ilusões, pelo contrário é uma nova história que, surgindo retirada do original e transformada em 94 novas páginas, é interpretada pela "musa" Irène Jacob, pelo Martin Griffin Dunne Frost, por um Michael Imperioli que só por si justifica a existência de um estudado guarda-roupa devido à desmultiplicação visual com que aparece ao longo do filme e ainda Sophie Auster, a personagem que completa este quarteto de actores.
O ambiente que se viveu na "Casa" dividia-se entre a concentração dos actores e da equipa para que tudo corresse bem na concretização das filmagens dos últimos planos interiores - uma cena passada na sala entre Dunne, Sophie e Jacob - e o último registo exterior - um longo travelling de dois minutos com Jacob a encaminhar um Dunne de olhos vendados num passeio pelo jardim e o desalento, ao fim da tarde, após o último take. Nesse momento, a tristeza abateu-se sobre a equipa que se apercebeu, com as palavras de Auster "Acabámos com a 'Casa'. Terça vemo-nos no estúdio. Obrigado a todos", que a rodagem acabara mesmo! Jacob comentava "C'est triste!" e o assistente de direcção José Maria Vaz da Silva sentava-se no banco, onde Claire e Martin interpretaram a última cena minutos antes, a olhar para o vazio. Para trás ficavam cinco semanas de trabalho que surpreenderam Auster pelo profissionalismo da equipa portuguesa do produtor Paulo Branco. Auster regressa aos EUA domingo para montar o filme, após a última filmagem em estúdio e a festa de despedida com a banda de Michael Imperioli, no Maxim's
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