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A mostrar mensagens de março, 2023

Uprising / A Revolta - um filme de Steve McQueen

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Traduzir Poesia, de Valter Hugo Mãe

  Adoraria traduzir uns poemas de poetas que tanto admiro e não consigo. Fico às voltas com a elasticidade dos conceitos, de como uma coisa pode ser ligeiramente outra coisa, e não posso decidir. Tenho sempre a convicção de que destruo o poema original, forçando-o a ser o que quero e não aquilo que é. Que levianos, prepotentes ou mentirosos podem ser, então, os tradutores? Será necessária uma pouca-vergonha qualquer para que avancem sem remorso por sobre o texto alheio? Agradeço a cada um a versão na minha Língua, única onde propendo para algum conforto, que nunca é minimamente completo nem estável. Mas cobiço a bravura de não se inibirem. Cobiço a capacidade de decisão, sabendo que uns instantes depois de fechar o seu trabalho regressam as dúvidas, a descoberta de outros termos, outra formulação que talvez dissesse com maior fidelidade o que o poeta quis dizer. Ando há anos com alguns livros na mira. Anoto tantas versões possíveis que meus papéis mais parecem obras ...

Who knew Tesla, Nikola, had so much in himself?

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HOKUSAI de Hajime Hashimoto

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Poema aos homens constipados

Pachos na testa, terço na mão, Uma botija, chá de limão, Zaragatoas, vinho com mel, Três aspirinas, creme na pele Grito de medo, chamo a mulher. Ai Lurdes que vou morrer. Mede-me a febre, olha-me a goela, Cala os miúdos, fecha a janela, Não quero canja, nem a salada, Ai Lurdes, Lurdes, não vales nada. Se tu sonhasses como me sinto, Já vejo a morte nunca te minto, Já vejo o inferno, chamas, diabos, Anjos estranhos, cornos e rabos, Vejo demónios nas suas danças Tigres sem listras, bodes sem tranças Choros de coruja, risos de grilo Ai Lurdes, Lurdes fica comigo Não é o pingo de uma torneira, Põe-me a Santinha à cabeceira, Compõe-me a colcha, Fala ao prior, Pousa o Jesus no cobertor. Chama o Doutor, passa a chamada, Ai Lurdes, Lurdes nem dás por nada. Faz-me tisana e pão de ló, Não te levantes que fico só, Aqui sozinho a apodrecer, Ai Lurdes, Lurdes que vou morrer.   António Lobo Antunes, (Sátira aos HOMENS quando estão com gripe)

Two months in, another good year in audiovisual translation

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